Desaceleração leva investidores à caça de pechinchas imobiliárias no Brasil
Investidores imobiliários globais como Blackstone Group BX +0.71% LP, Brookfield Property Partners BPY +1.84% LP e Global Logistic Properties MC0.SG -0.37% estão aproveitando as turbulências políticas e a piora da economia para sair à caça de pechinchas no Brasil.
A maioria dos investidores vem evitando o setor diante da queda nos aluguéis e nos níveis de ocupação. Em meio à desaceleração do crescimento e protestos crescentes contra o governo, as vendas de imóveis no Brasil alcançaram apenas US$ 584 milhões no ano passado, comparado com US$ 698,6 milhões em 2013 e US$ 1,92 bilhão em 2012, segundo a Real Capital Analytics Inc.
Mas a divisão imobiliária da Blackstone realizou duas aquisições no país nos últimos meses: uma participação numa construtora e uma carteira de quatro edifícios de escritórios no Rio de Janeiro. A divisão imobiliária da gestora americana também está, pela primeira vez, abrindo seu próprio escritório no Brasil. Ele será chefiado por Marcelo Fedak, que liderava a área imobiliária do banco BTG Pactual. BBTG11.BR +1.01%
Enquanto isso, a Global Logistic, que tem sede em Cingapura e comprou um portfólio de 34 imóveis industriais no Brasil por US$ 1,36 bilhão no ano passado, está comprando áreas para construção de pequenos proprietários com “dificuldade para levantar capital”, diz Mauro Dias, presidente da unidade brasileira da Global Logistic.
A Brookfield, por sua vez, concordou em comprar sete edifícios de escritório como parte de um plano do BTG Pactual de adquirir a fatia que ainda não detém na empresa de imóveis comerciais BR Properties SA BRPR3.BR -1.82% .
“Entendemos que é um bom momento para comprar”, diz Ric Clark, diretor-presidente da área imobiliária da Brookfield.
É certo que muitos investidores se arrependem de investimentos recentes em imóveis que fizeram no Brasil. Ações de empresas imobiliárias de capital aberto, como General Shopping Brasil, JHSF Participações SA JHSF3.BR -0.52% e Sonae Sierra Brasil SA,SSBR3.BR +2.02% despencaram. Muitas lojas, apartamentos e edifícios de escritórios novos chegando agora ao mercado estão encontrando uma demanda fraca.
Mas investidores que continuam otimistas ressaltam que ciclos de altas e baixas devem ser esperados em mercados emergentes como o Brasil. Eles também dizem ter confiança na força dos motores que até recentemente alimentaram o forte crescimento econômico do país — inclusive a abundância de recursos naturais e uma classe média em ascensão.
“O país tem uma força central que não mudou apesar dos desafios correntes”, diz Rob Speyer, um dos diretores-presidentes da Tishman Speyer Properties, que por 20 anos vem construindo edifícios de apartamentos e escritórios no Brasil.
Speyer diz que a Tishman Speyer “dobrou” sua aposta no Brasil em 2002 em meio a um momento difícil de incerteza política e econômica, decisão que ajudou a firma a se tornar um participante de peso no mercado brasileiro. A Tishman Speyer está adotando uma estratégia semelhante agora: ela comprou recentemente seu primeiro terreno para desenvolvimento em Belo Horizonte, uma vasta área de mineração que dará lugar a um edifício de escritórios.
A firma também comprou um terreno em Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, onde planeja construir 1 mil unidades residenciais.