O que a melhor cidade para se viver no mundo tem em comum com Curitiba
Melbourne, na Austrália, foi escolhida pela Economist como a melhor cidade do mundo para viver pelo sétimo ano consecutivo. Damasco, na Síria, teve o pior resultado
Melbourne, na Austrália, é a melhor cidade do mundo para viver pelo sétimo ano consecutivo no relatório Global Liveability Report 2017, divulgado pela publicação britânica The Economist na última semana.
A pesquisa leva em conta 30 fatores qualitativos e quantitativos em cinco categorias: estabilidade, assistência médica, cultura e meio ambiente, educação e infraestrutura.
A jornalista brasileira Mariana Gotardo, que vive há dois anos e meio em Melbourne, explicou que a vida na cidade australiana de fato tem diferenças marcantes em relação ao Brasil.
Natural de Vila Velha, no Espírito Santo, ela morou por 9 anos em Curitiba e 2 anos em São Paulo, antes de voltar à cidade natal por mais um ano e então partir para Melbourne em 2015. Inicialmente para ficar por 7 meses.
O período acabou se estendendo e a jornalista de 38 anos ganhou um visto de trabalho para atuar em sua área.“Sinto muita saudade do Brasil e das pessoas que estão aí. Todos os dias. Mas agora está complicado voltar”, conta.
Dia a dia
Sobre o dia a dia em Melbourne, Mariana conta que transporte público funciona bem, embora não seja barato, e que a sensação de segurança faz diferença.
“Ando sozinha à noite mexendo no celular sem nenhuma preocupação. E uso meu MacBook no trem sem problema nenhum”, conta.
A jornalista também elogia o fato de Melbourne ser multicultural e raramente registrar casos de preconceito ou xenofobia.
“Geralmente as pessoas são solícitas para dar informações e ajudar quando você precisa. Tem bastante sinalização para tudo, então é difícil se perder”, relata.
Na percepção dela, também há menor desigualdade social. “Um pedreiro ou garçom é tratado do mesmo jeito que um advogado ou médico em restaurantes, lojas, estabelecimentos comerciais diversos”, conta.
A qualidade de vida, segundo ela, pode ser percebida no dia a dia dos moradores da cidade.
“É difícil você ver pessoas com semblante carregado no transporte público, indo ou voltando do trabalho. Até porque aqui se trabalha menos nos escritórios, por exemplo. Geralmente o expediente termina às 17h. As pessoas têm tempo de ir pra casa, curtir a família. Se a pessoa optar, pode ter um ou dois dias livres na semana. Não é necessário se matar de trabalhar para ter uma vida decente.”
Problemas de cidade grande
Melbourne, por outro lado, também tem problemas conhecidos por aqui. Para Mariana, a maior contradição com o resultado está na incidência crescente de moradores de rua na cidade australiana.
“Acho que uma cidade com [o título de melhor do mundo para viver] não deveria ter gente morando nas ruas”, diz.
“Outros fatores que a imprensa local repercutiu foram o trânsito (engarrafamentos), que tem se acentuado, e também o alto custo de vida da cidade, principalmente com relação a aluguel e compra de imóveis. Pagar para morar aqui em Melbourne está muito mais caro que alguns anos atrás”, conta.
Ela reconhece, no entanto, que os problemas estão relacionados com o crescimento de Melbourne, que é a segunda maior cidade da Austrália hoje, com 4,7 milhões de habitantes (perde apenas para Sydney).